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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A insuficiência do Conservadorismo político evangélico na escolha dos pecados que devem ser proibidos por lei

 


Muitos irmãos evangélicos escolhem seu candidato político sobre a ótica de evitar que a sociedade caminhe para "pecados de morte", com pautas a favor da família e das crianças. Sinceramente acho muito legítimo boa parte de seu pensamento, todavia observo também como as lentes dos conservadores evangélicos muitas vezes por pautas morais, possuem uma miopia para outros "pecados de morte" e um entendimento errado sobre "pecado de morte" e justiça civil. Apoiando candidatos no mínimo "polêmicos", para não dizer outra coisa, como "retrógrados", o que leva a pensar que falta observação da realidade humana como ela é neste mundo tenebroso. 

O voto do conservador esta posto da seguinte forma normalmente em síntese, "sou contra o aborto e apoio quem é contra", "sou contra ideologia de gênero", seja "feminismo", seja dizer ideologias que queiram promover que  "as crianças são livres para escolher sua sexualidade independente da biologia", sou contra o "comunismo/socialismo",  "não defendo bandeiras vermelhas de partidos políticos.", sou contra "casamento gay", "união homoafetiva", "adoção de casais gays", "sou contra a legalização das drogas". Este é o conservador raiz, de Direita e o argumento é que estas mudanças sociais, "vão contra a Bíblia, logo se não tem o apoio de Deus, não deve ter o meu apoio", "sou a favor do estado de Israel" - existe aqui uma ideia que a lei de Deus, deve ser a lei dos homens, ou o que é pecado para Deus, deve ser proibido na esfera cível. 

Por conta disso muitos evangélicos conservadores, apoiaram a eleição de Bolsonaro no Brasil e apoiaram a eleição do Trump nos Estados Unidos, esta é a consequência do pensamento, os políticos como Bolsonaro e Trump, observaram este posicionamento político e o exploraram, ganhando votos por identificação ideológica, e muitas vezes usando em campanhas eleitorais generalizações de seus oponentes, dizendo que eles são "favoráveis" a tudo isso que foi posto.

Entretanto quero levar o leitor a um raciocínio lógico, estamos falando de que os conservadores não apoiam que pecados se tornem "leis de liberdade", liberdade de união homoafetiva, liberdade de comprar drogas, liberdade sobre seu próprio corpo em detrimento do nascituro. Mas o argumento principal é que "por ser pecado, sou contra!"

Ora vejamos o título do artigo  diz que o entendimento de pecados que devem ser proibido por lei é "insuficiente" em outras palavras, falta se levarmos a ferro e fogo o ideal conservador de "por ser pecado sou contra", um monte de outros pecados, que levariam no mínimo os conservadores evangélicos a repensarem seu voto e enxergarem que a Direita Política também não é cristã, talvez até mais anti-cristã que a Esquerda política Internacional. 

É possível  votar em uma direita conservadora que tem como representante Bolsonaro? Que foi condenado por falar que "não estupraria" a deputada Maria do Rosário porque ela "não merece". Ora aqui o então Bolsonaro coloca uma opção valida  o estupro, uma violência, depois denigre a imagem da deputada/mulher, é postura cristã apoiar um candidato que trata desta forma as mulheres? Isso não seria pecado? A "misoginia" não é um pecado de morte, pois gera violência contra a mulher e muitas vezes pela forma depreciativa de olhar para a mulher pode levar ao "feminicidio", pecado de morte! Neste ponto o conservador não poderia apoiar um candidato que tivesse posturas e falas que influenciam uma multidão de homens a pensar como ele, ou seja, de forma "misógina". A violência contra a mulher deveria entrar em pauta na lógica conservadora, seja simbólica ou física. Afinal amados irmãos a mensagem do Apostolo Paulo é que devemos amar nossas esposas como Cristo amou a Igreja. 

Pensamos também no racismo, ele existe e esta posto na sociedade, não criar políticas públicas para evitar o racismo, é negar o direito a igualdade étnica e de cor! Isso gera morte? Vejamos,  no Brasil a população que mais morre por força policial é a negra. O preconceito, a falta de oportunidades de trabalho, a desigualdade salarial,  a violência policial, antes de um justo julgamento, tudo isso gera pecado de morte. As estatísticas e a realidade social  estão ai, um candidato que não seja totalmente contra o racismo, inclusive contra o racismo indígena não merece o voto conservador. 

Pecado ambiental, gera Morte! Sim, Trump saiu do acordo de Paris, Bolsonaro seguindo Trump, faz vistas grossas ao desmatamento, não aplicando multas, não as cobrando, não fiscalizando, prometendo regularizar terras de posseiros/invasores na Amazônia, com ministros que já deram declaração que para evitar queimadas, deveria ceder espaço para pastos no Pantanal. Ora não cuidar do "jardim", da "criação" de Deus de forma sustentável, gera morte, gera secas, gera tornados em outras regiões, gera descontrole...isso é pecado de morte, uma vez que a seca leva pessoas a miséria e a morte por fome, os tornados, inundações também (com o aquecimento das águas por bilhões de emissões de monoxido de carbono), além de ser um pecado contra ordem de "cuidado e mordomia" com a natureza, responsabilidade humana dada por Deus. Como apoiar então no viés conservador, Trump e Bolsonaro?

Pecado contra pessoas do mesmo sexo, gera morte! A violência simbólica e física contra os gays devem sim ser combatidos, isso não é naturalizar a prática em sí, mas evitar a morte física e emocional de quem já sofre com seus próprios dilemas humanos de desejo. A verdade é que existe preconceito seja para trabalho ou pela convivência, não acreditar que a segregação simbólica não gera, depressão e suicidio, é ignorar a condição humana. Mais uma vez pecado de morte, da sociedade contra os gays! Isto é errado, se nós como cristãos consideramos pecado pela ótica bíblica a homossexualidade, isso não nos dá direito de pecar contra os gays, privando-os de  políticas públicas contra a violência, e,  inclusive dando o direito ou apoiando e melhor não se levantando contra,   na justiça civil, o direito deles sucessão e herança, uma vez que independente do que cremos,   se duas pessoas viveram juntas a vida inteira e se não existir regulação de união estável, isso gera injustiça patrimonial e previdenciária. O governo cível aqui deve ser separado da crença. Não totalmente separado, mas deve haver critérios de justiça e igualdade para com eles. 

Neste mérito entro também na polêmica questão da adoção. Gays são seres humanos, como meu pai e minha mãe são seres humanos. Acreditar que o afeto fraterno e ágape é impossível para eles na criação de filhos, é negar a própria humanidade deles e isso é pecado é preconceito puro!. Não é porque uma pessoa é divorciada, mãe ou pai solteiro, gay, adultero (a) que ele ou ela não pode amar ou criar filhos e criar bem filhos. Sobre isso muitos conservadores dizem "isso não é certo a criança merece referencia paterna e materna", eu concordo que a criança merece, que este seria o tipo ideal,  inclusive referencia biologicamente paterna e materna, mas o tipo "ideal" para a criança não deve prevalecer sobre a realidade humana. A realidade é que se as crianças abandonadas não forem adotadas elas serão criadas pelo Estado em orfanatos, sem nenhuma referencia, nem paterna e nem materna. é negado as duas referencias, e não uma só. É polêmico eu sei, mas coloco aqui em xeque este pensamento conservador evangélico. 

Muitos conservadores evangélicos também abraçam em contraposição ao comunismo/socialismo, o liberalismo econômico, que prega estado mínimo, isso é, o Estado deve influenciar pouco ou quase nada nas relações econômicas. Logo o termo "flexibilização do trabalho" diz que patrões e empregados podem negociar "livremente" salário etc. Mas será que isso é bom ou gera pecado, não só pecado, mas pecado de morte! A realidade humana, ou melhor nosso estado de corrupção pelo pecado,  diz que o homem deve lidar com pecados, como a "Avareza". Como uma regulamentação "flexivel", sem nenhum agente autônomo, como o estado por exemplo, para intermediar ou criar regras entre as duas partes, pode evitar a "avareza" salarial, a !ganância", a busca desenfreada pelo lucro? Consequências práticas da realidade humana, pais trabalham aos domingos e sábados, horas e mais horas, para sustentar sua casa, mas os filhos ficam sem referencias no dia-a-dia pois os pais de tanto trabalhar perdem a convivência com seus filhos e isto nas classes baixas é para sobrevivência, aluguel e alimentação. Isso gera destruição da família, do casamento, pecado de morte! O neoliberalismo gera isso...isto não quer dizer que o socialismo não gera também falta de liberdade religiosa, historicamente...mas o que adianta ter uma "ficção de liberdade" de poder ir na igreja, sendo que na prática não vai por estar trabalhando aos domingos para garantir sustento a família, milhões de pessoas vivem uma escravidão moderna, sem ao menos pensar sobre isso. O sistema capitalista de livre concorrência também gera seus "fetishes" e idolatrias, ao próprio capital nas relações humanas, o famoso Mamon está mais vivo do que na época do Antigo Egito. 

Enfim, muito do que é defendido como ideal à direita conservadora leva ao pecado ou é pecado em si. Como o leitor pode confundir que eu estou observando socialmente,  quero deixar bem claro o que eu creio,  sou contra o aborto, até os progressistas da teologia da libertação católica são contra. Não compactuo com este pecado. 

Sou a favor da proteção da criança de qualquer ideologia política, creio que ela deve ser protegida na infância todavia eu creio que como ela está em formação deve também apreender a respeitar todas as pessoas, sem distinção de cor, raça, credo ou opção sexual. Isso não é induzi-la a sexualidade diversa da sua biológica. Creio que sim, na fase da pré-adolescência ela precisa saber como se dá a concepção de filhos, é aula de biologia minha gente!! Não estamos na idade média onde os muçulmanos podiam ter aula de anatomia, e os cristãos não.

 Sobre drogas, duvido que alguém chame droga de "bom", é um vicio, gera morte, só que será que a falta de regularização também não gera duplamente a morte? A corrupção do sistema? Da polícia, de políticos? A guerra entre facções, os tribunais paralelos para quem já está tão viciado que não consegue pagar mais a droga? Pensamos, a resposta não é simples...mas precisamos sair apenas do aspecto de que por ser pecado não deve ser legalizado...pois me parece que na realidade social, este discurso também não contribuí com melhorias e mesmo não sendo legalizado e fazendo mal, milhões de pessoas caem neste laço.  (minha opinião aqui não está formada entre legalizar ou não, mas não está na caixa conservadora). 

E por fim, a respeito de pecados sexuais, considero homossexualidade pecado, fornicação pecado, adultério pecado a luz da Bíblia. Mas isso não quer dizer que sou a favor da criminalização ou de não dar direitos civis, a quem vive um modo diferente do viver a plenitude da Palavra de Deus revelada, portanto que não gere violência contra o próximo (como pedofilia, violência contra a mulher, etc). Estas relações que a Bíblia não apoiam precisam de uma regulação civil além da Bíblia. Isso não deve ter consequências para a igreja, os pastores devem ter liberdade de crença e podem também se negar fazer casamentos que não se sintam confortáveis. Vejamos não é só a questão gay, muitos pastores  a luz da Bíblia creem que segundo e terceiro casamento heterossexual podem ser pecado também, dependendo do motivo de divórcio. Por estes motivos é necessário um estado Laico. A religião não deve ser imposta. Ela deve ser aderida por quem é tocado pelo Espirito Santo. 

Meu objetivo com este artigo é fazer você pensar, estou pronto para comentários e uma boa conversa!




















domingo, 10 de março de 2019

Carta de um progressista bíblico para um progressista liberal cristão



Crença, política, ideologia é fé, são pontos delicados de se trabalhar em nossa sociedade plural e polarizada. Minha intenção  é abrir um dialogo entre o progressismo bíblico categoria que creio que me encontro com o progressismo liberal cristão, nasce a ideia de escrever uma carta chamando atenção para nossos pontos de convergência e divergência, afinal ser progressista no meio cristão já é difícil, todavia creio que muitas vezes existe um problema crescente de interpretação sobre a visão de mundo e fé entre estes dois grupos, no qual acho importante a reflexão.

O Progressismo
Nós progressistas, seja bíblico ou liberal cristão temos vários pontos em comum, começando por participar de protestos civis a favor de direitos humanos, apoiar causas como direito a moradia, direito ao meio ambiente, somos a favor de programas como o Bolsa Família, por entender a necessidade de garantir o básico para seus cidadãos, criticamos fortemente a ilusão da meritocracia, seja pelo ponto de vista teologico ou político, afinal se temos algo é um privilégio, presente de Deus, seja trabalho, saúde e posição social, em contra ponto a visão ilusória e arrogante de "eu conquistei pelos meus próprios méritos", ouvimos Chico Buarque e Geraldo Vandré, muito mais que o gospel triunfalista tocado nas igrejas localizadas em barracões a cada esquina, lemos Le Monde Diplomatique Brasil  e Carta Capital ao invés de Veja e Estadão. Defendemos a escola  e universidade pública e gratuita,  conhecemos  Paulo Freire, não acreditamos na "mão invisível do mercado" como regulador justo das relações comerciais, concordamos com a análise crítica de Marx sobre trabalho, vemos a arte pela sua beleza e não de forma utilitarista, prezamos pela igualdade e equidade, pois entendemos que antes da queda, a imagem e semelhança de Deus isto é, os homens eram iguais, mas o pecado trouxe exploração e desigualdade, em nossas mentes olhamos para os EUA com ressalvas, bem como fazemos o mesmo com as privatizações em nosso país,  portanto temos uma bandeira em comum.

Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, criar uma carta e categorizar é um exercício de preocupação pastoral, se somos tão parecidos no pensamento político, então onde entra as divergências e neste ponto existe um certo ou errado? Gostaria primeiro de exercer a minha crítica com toda  a humildade e compaixão, até porque não haveria motivos de escrever se não fosse em amor.

A Bíblia
Um dos pontos de grande divergência entre cristãos liberais e bíblicos está na interpretação bíblica, principalmente das cartas paulinas, muitos amigos liberais estão negando o ensinamento das cartas do Apóstolo Paulo, muitas vezes devido os apontamentos morais da crítica a homossexualidade da igreja de Corinto, ou então a sua forma restritiva  de entender quem pode exercer o ministério de liderança da igreja como a carta de Timóteo, no qual o líder deve ser somente o homem casado com uma só mulher, retirando dai recasados,  gays e lésbicas. Enfim a postura liberal teologica  diz que a  igreja deve ser inclusiva, que Cristo é amor e que o Apóstolo está errado e por fim que Cristo nunca pediu esta postura apontada por Paulo a seus seguidores.

Meus amados, entendo que não podemos fazer um elastissismo teológico para enquadrar o inclusivismo na igreja, a hermenêutica e exegese bíblica deve ser respeitada, em outras palavras não existe muito espaço para dizer que a Bíblia como um todo não condena aquilo que é condenável textualmente, e diferente de um fundamentalista radical, o que é condenável é o pecado da pessoa, e não a pessoa em sí,  a Bíblica inclusive aponta muitos outros pecados, uns como pecados coletivos que nós mais progressistas conseguimos enxergar com maior facilidade que os conservadores, porém não podemos através de uma leitura humanista, ler a Biblia com os mesmos óculos, pois a nossa leitura de vida como cristãos deve ser da Bíblia para o Mundo e não do Humanismo para a Bíblia.

Logo sobre o amor, devemos amar as pessoas, mas não necessáriamente suas práticas e isto imputa sim na restrição de cargos de liderança da Igreja, uma vez que se a pessoa não entende se quer que está errada perante Deus e perante a Bíblia, não deve exercer um cargo eclesiastico, e se entende é seu dever lutar em Cristo contra sua própria carne, afim de ser santa e exemplo para os irmãos da fé e conhecer a verdadeira libertação de sua escravidão de carne.

Creio que quem luta na vida sexual seja homossexualidade, ou lascívia ou qualquer pecado similar tem uma luta constante contra o pecado, neste período se a pessoa está "entregue a seus próprios desejos" ela não deve ser liderança, mas sim ovelha, pois necessita ser cuidada pelo corpo de Cristo, e sim há esperança de transformação em Cristo, seja em seu dia a dia ou na  transformação pessoal, e nós como crentes em Jesus devemos ajudar todas as pessoas que vem a igreja com seus fardos, logo devemos ser inclusivos somente no auxílio a caminhada cristã, mas jamais distribuindo ministérios e dando cargos nesta condição, isto tem haver com ser novo na fé, com dar os frutos do Espirito Santo, que incluí domínio próprio, isto não quer dizer que a pessoa não tem talentos ou não pode contribuir com a igreja, afinal todos nos em algum grau lutamos contra o pecado, porém uns já estão com uma fé mais solida, já não são mais crianças na fé, levadas por ventos de doutrinas, dominadas pelo pecado, já ultrapassaram algumas barreiras sobre vencer o mal e em confiança e entrega a Jesus.

Segundo, sobre este tema do relativismo das cartas e dos textos bíblicos, qual é a grande chave de interpretação? Os conceitos  pós modernos e plurais  de nossa época ou os próprios autores bíblicos, inspirados por Deus? Aqui eis a questão da revelação, não sou radical ao ponto de acreditar que dentro das escrituras não existe espaço para literalidade como poesias, parábolas, cânticos,  todavia temos alguns pontos é o principal ponto é reflita sobre sua chave de interpretação da sua fé, se não for os autores bíblicos será que pode ser confiável uma outra chave? Ou estamos inconscientemente criando nosso próprio deus, da Bíblia, em um modelo Roma Antiga, construindo um deus z, e chamando ele de Deus da Bíblia, porém deformado...isso é muito comum Israel já fez isso, fez um bezerro de Ouro para dizer era a imagem do Deus verdadeiro e levou uma de Deus que disse que não era para fazer imagens Dele, hoje muitas vezes acho que fazemos "imagens" filosóficas de Deus em nossa mente, do tipo Deus é isso ou aquilo, sem consultar a própria Bíblia que é  o único livro que podemos de fato confiar, sobre a sua revelação.

Ideologia, partido e agenda. 
Somos cristãos meus caros, logo devemos ter muito cuidado com a idolatria a outro deus que não seja o Pai Celestial, em outras palavras por maior que seja no nosso ativismo em transformar a nossa sociedade, este ativismo não pode ser maior que nosso amor e nossa comunhão com o  Pai Celestial, em outras palavras, precisamos ter comunhão com Cristo, o homem é falho e toda a ideologia tem pontos fracos, seja de Marx, Trotsky e claro com certeza de Adam Smith e do capitalismo desenfreado.

Neste ponto precisamos cuidar de nossa alma, do nosso coração e de nossa identidade, conhecer mais uma teoria política do que a Bíblia não é saudável para a vida, temos que entender também que o tempo não é nosso, logo é importante se posicionar mas sem idolatrar a própria ideologia ou ainda pior seus agentes, que normalmente são homens bem falhos, vamos tomar cuidado com nossas camisetas e bandeiras, sem por outro lado entrar em um comodismo ou em uma visão simplesmente individualista de mundo.
Devemos também entender que a ideologia de esquerda bebe do materialismo assim como o capitalismo, ou seja fala do tempo presente, desta terra e não de questões existêncialistas, como eternidade, logo sua resposta será somente  sobre  o conforto social de forma difusa e coletiva, atingindo os mais desfavorecido desta sociedade o que  irá  no máximo se tornar uma espécie deformada por ser somente material da  redenção temporal e provisória e neste planeta, logo não pode ser o ideal primário de nossa vida. Exemplo claro é o indice de felicidade de países nórdicos, conseguiram erradicar a miséria, possuem as melhores escolas do mundo, mas isso não é transformado em felicidade e muito menos é garantia da salvação para o povo, por mais que é um exemplo a ser seguido do que é justo em equidade, pelo menos como nação.

Igreja e o pensamento diferente. 
Discussões nas redes sociais,  muitos deixaram de até frequentar a igreja, mas será que isso não é reflexo de uma imaturidade nossa, como seres  humanos  que não conseguem conviver com o diferente? Eu posso discordar de um escravocrata, ou  de um racista,  achar ele terrivel querer a prisão dele, combater com todas as minhas forças seu modo de pensar, porém  minha obrigação além de fazer tudo isso é ama-lo, afinal não foi Jesus que disse "Ame os seus inimigos", então não seria melhor complementar meu ativismo com oração para transformação de mente da pessoa, em  Cristo, "Deus dê amor ao meu coração por fulano, mude a mente dele naquilo que é pecado contra tí", não podemos exercer nosso chamado ao sermão do monte de justiça social,  sem amor...e neste ponto o amor deve atingir tanto a nossa vida pessoal. para sermos coerentes com a nossa fala de direitos humanos, deveriamos sim nos alistar para visitar as prisões, para ir até as favelas e ofertar nosso tempo, talento e recursos com ajuda humanitária além é claro de cobrar o Estado e isto seja de forma individual ou como igreja, se não o nosso discurso será vázio..talvez esta é a maior crítica a nós progressistas, no fundo somos "socialistas de Iphone".

Humildade, no fundo não sabemos ao certo se aquele amigo nosso liberal, do Misses, não tem razão em alguns pontos, talvez estamos não envergados em uma posição política, seja por sermos combativos ou por estarmos em auto defesa devido a polarização, que não conseguirmos pensar em outras alternativas, afinal o mundo e os sistemas políticos e econômicos são dinâmicos.

Logo devemos exercer a humildade de ouvir, de sentarmos e observarmos  diversas alternativas, de não criticar por criticar e conviver com o diferente, respeita-lo como ser humano,  os direitos humanos atingem os de direita também, a graça de Deus atinge a todos nós.

Meu chamado é volte para a sua igreja, abençõe o seu pastor, peça perdão por ter brigado, se a ideologia é muito diferente troque de comunidade da fé, não porque brigou com seu irmão, mas sim por doutrina de fé, abrace quem é diferente, quem é excluído, mas trate pecado como  pecado, continue abraçando o pecador e deixando Deus te abraçar também,  cuide, console, esteja presente, continue protestando, seja pacificador inclusive neste meio, e minha oração sincera é venha para   time dos progressistas bíblicos, fica o chamado!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

A contra cultura da música cristã dentro da cultura gospel dominante

A contra cultura da música cristã dentro da cultura dominante gospel, é algo nítido como movimento, eles se posicionam contra o triunfalismo , a mercantilização do sagrado e a fé "mágica" presentes nas letras gospel.

Quem nunca ouviu músicas experimentais sobre fé ao som dde Os Arráis, cantando sobre suas crises e reflexões sobre modo experimental de cristianismo realista e muitas vezes melancólico. Podemos citar também a inteligência das letras do cantor e compositor Marcos Almeida que dialogam com a sociedade, citando obras de arte, o dadaísmo de Berlim além de intelectuais cristãos como Rookmaker, em outras canções lida com o belo como a letra "Branca", retrata o natal brasileiro com a música "Biquíni de Natal", enfim não deixa também de ser experimental contando sobre seus sofrimentos pelo pecado pedindo a Deus "Vem me Socorrer".

Não posso deixar de citar a brasilidade de Paulo Nazaré, da banda Crombie, letras sobre esperança, sem clichês, mostrando a espiritualidade de forma poética. E existem outros desde o projeto Sola, Itagon, Lorena Chaves, entre outros.

A contra cultura da música cristã se apresenta com um dialogo mais intelectual e reflexivo sobre o cristianismo, muitas vezes dialogando inclusive com a sociedade, eles também são mais nacionalistas e autênticos, não se trata do "clichê" de traduzir canções americanas ou imitar suas melodias, este é o novo reflorescer da música evangélica pé no chão que tem muito a contribuir para a espiritualidade da sociedade.